quinta-feira, 7 de junho de 2012

Morre Ray Bradbury , Ícone da Ficção científica.

Faleceu em 5 de Junho o escritor Norte-americano Raymond Bradbury. Famoso por Crônicas Marcianas e Fahrenheit 451 , Ray é um pouco do "self-educated man". Um autodidata que nunca foi para a universidade e como outro grande escritor autodidata (aka Saramago), confessou ter aprendido o seu ofício de escritor frequentando bibliotecas públicas na adolescência onde devorava livros e roubava os jornais ( devolvendo-os após terem sido lidos) . Ray tinha um talento notável para a literatura de fantasia, de sonho e lírica , às vezes tingida de ficção científica . Escreveu mais de 50 livros, algumas peças de teatro ,poesia e adaptações de roteiro para cinema e TV (Mob dick de 1958 com Gregory Peck foi adaptado por ele). Leitor confesso de Hopkins,Frost, Shakespeare, Steinbeck, Huxley e Thomas Wolfe , mas nenhum escritor de ficão científica a não ser os de sua infância : Julio Verne e HG Wells , Ray permaneceu lendo e escrevendo mesmo aṕos um AVC que o impediu de bater a maquina. Seu último trabalho foi ditado pelo telefone a sua filha. " Trabalhar é a [minha] única resposta" Disse em uma entrevista em 2010.  Escrevemos sobre Ray em um post meses atrás em que sua editora só aceitava renovar seu contrato se ele permitisse a publicação de Fahrenheit 451 em formato eletrônico, coisa que ele era radicalmente contra. Em Fahrenheit 451 Ray nós deixa uma espécie de aviso. Sobre a importância dos livros , da leitura e a falta que isso faz a sociedade. E claro , vendo e percebendo cada vez mais sua ficção começar a se tornar realidade , não era de se esperar outro posicionamento seu a respeito dos livros eletrônicos. Ele que tanto aprendeu e que tanto devo ao nosso mestres de papel sabia mais do que ninguém  o que era uma manipulação e aonde isso vai dar . Infelizmente teve que ceder (devido a idade e as condições físicas) , mas como sempre , não cedeu facilmente. O alerta foi dado Ray, obrigado por ter nos avisado .
"Há mais de um jeito de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas por aí com caixa de fósforos. Cada minoria, seja Batista, Unitário, Irlandês, Italiano, Otagenário, Zen Budista, Sionista, Adventista, Feminista, Republicano… Acha que tem o direito, ou o dever, de dosar o querosene e acender o fogo. O chefe do corpo de bombeiros Capitão Beatty, em meu romance Fahrenheit 451, descreve como os livros foram queimados primeiramente pelas minorias, rasgando uma página ou duas, depois disso, quando os livros já estiverem vazios e as cabeças fechadas, a livraria fechará para sempre."
"(...) eu pensei que estava descrevendo um mundo que talvez “aconteceria” em 4 ou 5 décadas. Mas a algumas semanas atrás, numa noite em Beverly Hills, um casal passou por mim caminhando com seu cachorro. Eu fiquei olhando para eles, absolutamente pasmo. A mulher segurava em uma mão um rádio, em forma e tamanho mais ou menos de um pacote de cigarro, com uma antena balançando. Dele saía um minúsculo cabo de cobre que terminava em um delicado fone em forma de cone plugado na sua orelha direita. E ela ia "voando", sonâmbula, esquecida do homem e do cão, escutando à novela que tocava no rádio, guiada por seu marido que provavelmente não estava nem aí. Isso não era ficção."

Nenhum comentário:

Postar um comentário