Um conjunto de mais 110 fotografias raras da Biblioteca Nacional, pertencentes ao álbum Siege de Paris: 1870–1871 (O cerco de Paris: 1870–1871), feitas pelo francês Auguste Bruno Braquehais (1823–1875), pioneiro do fotojornalismo, passou a integrar, a partir da semana passada, o disputado acervo da Biblioteca Digital Mundial (WDL em inglês). O álbum faz parte da coleção Thereza Christina Maria, compilada pelo Imperador Pedro II e doada por ele à Biblioteca Nacional. A Coleção do Imperador: Fotografias brasileiras e estrangeiras do século XIX, com cerca de 23 mil fotografias do século XIX, é reconhecida pela Unesco, desde 2003, como Memória do Mundo. Veja aqui as novas fotos da Biblioteca Nacional brasileira na WDL. Acesse aqui todas as fotos da nossa coleção disponíveis na WDL.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Biblioteca Digital Ibero-Americana
A Biblioteca Nacional participou, esta semana, do lançamento da Biblioteca Digital do Patrimônio Ibero-americano (BDPI), da qual é uma das fundadoras. Trata-se de uma iniciativa da Associação de Bibliotecas Nacionais da Ibero-América (ABINIA) cujo objetivo é a criação de um portal para a consulta e acesso aos conteúdos digitais inicialmente das bibliotecas nacionais do Brasil, Chile, Colômbia, Espanha e Panamá. Clique aqui e conheça as coleções da BN Digital que integram a Biblioteca Digital Ibero-americana.
sábado, 18 de agosto de 2012
Ziraldo tem toda razão
Um bom artista distinguem-se das pessoas comuns não somente pela
capacidade criativa ou pela capacidade de enxergar além do visível mas
também pela crítica perspicaz,construtiva, muitas vezes irônica, da
sociedade onde se vive. Poderia ter várias criticas contra Ziraldo mas
não poderia de deixar de admira-lo pelas palavras que disse na última bienal.
Poderiam até ser suas últimas palavras, mas só por tentar desmascarar
nossa atual sociedade, por tentar tirar o óculos cor-de-rosa com que
vários "pedagogos", raça que já deveria ter sido extinta , pais e futurosos de plantão insistem em usar, Ziraldo já merece todo o nosso
crédito como grande artista.
"A família brasileira não lê. Nós temos a internet que pode ser a
fonte da vida e do conhecimento, mas o computador é usado como
brinquedo. Muitos pais não percebem, mas seus filhos se tornaram
idiotas” . Perfeito Ziraldo , concordamos em gênero número e grau. Lendo os comentários sobre essa frase, percebi que não só os filhos estão se
tornando idiotas , os pais também. Não conseguem nem entender uma
simples crítica. Se Ziraldo tivesse dito: nós temos o martelo que é uma
excelente ferramenta mas é usado como brinquedo, teríamos muito menos
críticas. O problema que Ziraldo ressalta não é o computador mas sim o
que fazemos do mesmo. As pessoas pensam que estão lendo mais e ficando
mais sábias por causa da tecnologia e quando alguém ataca essa lei, é
severamente atacado. Mas a realidade é completamente oposta. O
brasileiro, principalmente, acha que esta lendo mais por acessar mais o
facebook , quando na verdade fica atrás de países como Argentina, Índia e
etc. no quesito leitura de livros.
A leitura de um livro, volto a
ressaltar, não tem somente a ver com o adquirir conhecimento; o que por
si só já seria mais do que uma justificativa.Entretanto, tem algo muito mais profundo. Tem a capacidade de observação, de
abstração, de percepção, de cognição. o que a torna a verdadeira malhação cerebral.
Ficar horas lendo meio textos, 140 caracteres, ideias desconexas, sem
ritmo, sem profundidade, é pura divagação e isso nunca deu nem vai dar o
que uma verdadeira leitura pode oferecer. Por isso, nosso filhos estão
ficando idiotas sim e a tendência é ficar cada vez mais.
Enquanto alunos no MIT estão aprendendo com parede de quadros, os
nossos estão querendo parede de facebook . Claro que isso vai ter
consequências , aliás já está tendo. Enquanto não investirmos realmente
em educação , não adianta de nada sermos o sexto maior PIB do mundo
graças as nossas riquezas minerais. Voltaremos a ser a colonia que
sempre fomos, somente um pouco mais moderninha e com alguns senhores de escravos a
mais. Só podemos mudar isso com a educação , o que inclui leitura,
muita leitura , muito esforço e dedicação. Talvez esse seja o problema. Pois sempre que dizemos esforço, muitos contestam e acham melhor a velha
sombra e água fresca da teledramaturgia brasileira. Mesmo que esta velha sombra seja feita agora
pela parede do facebook e que água seja fresca porque está dentro do
ar-condicionado. Obrigado Ziraldo.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Carta aberta à Presidenta Dilma Rousseff - 13 FISL
Nós,
participantes do 13º Fórum Internacional Software Livre, realizado em
Porto Alegre entre 25 e 28 de julho de 2012, tomamos a liberdade de
escrever esta carta pública endereçada a Excelentíssima Presidenta da
República Dilma Rousseff, em nome da comunidade software livre
brasileira, com o objetivo de manifestar nossa posição diante das
políticas públicas na área de tecnologia da informação e internet
implementadas por vosso governo.
Não
poderíamos deixar de relembrar aqui a histórica visita que Vossa
Excelência, e o então Presidente Lula, fizeram a este mesmo fórum, em
sua décima edição, em 2009. Esta visita, que muito nos orgulhou, foi uma
verdadeira celebração das liberdades digitais, e um reconhecimento dos
esforços
da comunidade software livre internacional, e, especialmente
brasileira, na luta pela manutenção do conhecimento como bem comum. Os
avanços e conquistas invejáveis produzidos pelas políticas públicas do
governo federal do Brasil em direção às liberdades e à soberania
tecnológicas foram reconhecidos e reafirmado o compromisso com esses
valores.
Além
do encontro do então Presidente Lula com os principais expoentes da
comunidade software livre internacional, o momento foi marcado por seu
discurso memorável, no qual o Presidente afirmou que em seu governo era
“proibido proibir”, que “Lei Azeredo é censura”, além de determinar
publicamente ao então Ministro da Justiça, Tarso Genro, a construção de
um marco civil da internet.
Na
oportunidade, Lula também reafirmou a defesa do software livre no seu
governo, e foi ovacionado pelo público presente ao afirmar, em nome de
todos os brasileiros:
"Nós tínhamos que escolher: ou nós iríamos para a cozinha preparar o
prato que a gente queria comer, com os temperos que nós queríamos
colocar e dar um gosto brasileiro para a comida, ou nós iríamos comer o
prato que a Microsoft preparou para a gente. E, graças a Deus,
prevaleceu, no nosso país, a questão e a decisão pelo software livre".
Além do compromisso assumido e cumprido durante o Governo Lula, e reafirmado pelo então Presidente durante o fisl10, em 19 de janeiro de 2010, no primeiro mês do vosso governo, foi publicada a Instrução Normativa nº 1, que dispôs sobre os critérios de sustentabilidade ambiental na aquisição de bens, contratação de serviços ou obras pela Administração Pública Federal. Dentre as diretrizes, destacam-se as determinações que proíbem o uso de componentes, ferramentas, códigos fontes e utilitários proprietários, e também a dependência de um único fornecedor, dando preferência ao uso de software livre - mais uma mostra de que o governo federal tinha ciência dos benefícios do tratamento dos bens imateriais como bens de domínio público, e da importância da manutenção do livre acesso ao conhecimento e seu compartilhamento como ferramenta de incentivo à democracia.
No entanto, hoje algumas questões pontuais têm deixado a todos nós, militantes do software e do conhecimento livre, apreensivos:
-
A retirada da licença livre Creative Commons do site do Ministério da Cultura e sua mudança de posicionamento em relação à reforma dos direitos autorais e às liberdades civis na internet;
-
A introdução, no acordo do Ministério das Comunicações com as Teles em relação ao plano nacional de banda larga (PNBL), de um grave precedente de limitação e tarifação do volume de dados que trafegam pela conexões das operadoras - como uma espécie de pedágio ou taxímetro cobrado por conteúdos de terceiros;
-
A iniciativa no INPI - Instituto Nacional de Propriedade Industrial - de abrir uma consulta pública indicando o patenteamento do software no Brasil, na contramão de uma das maiores lutas do movimento software livre internacional;
-
O Pregão Eletrônico (N. 116/7066-2012 – GILOG/BR) da Caixa Econômica Federal, na ordem de 112 milhões de reais, que contraria um histórico de investimento em desenvolvimento e adoção de softwares livres produzidos especificamente para a instituição.
Algumas décadas depois de os softwares e a internet terem se tornado elementos indissociáveis de nossas rotinas, já podemos afirmar com sólidos argumentos econômicos, científicos e sociais que:
-
o incentivo e a manutenção da luta pelo Software Livre,
-
a ausência de patentes de software, e a proteção da criação dos mesmos pela lei dos direitos autorais,
-
a manutenção de uma internet livre, neutra e inimputável,
são
estratégias não só viáveis como indispensáveis para o despontar do
Brasil como um país internacionalmente competitivo no que diz
respeito à manutenção da inovação tecnológica, bem como para a
manutenção das estratégias de democratização do conhecimento através da
Inclusão Digital.
Por
fim, confiantes de que podemos restabelecer a interlocução do governo
federal com a comunidade software livre, da cultura digital e ativistas
por direitos civis na internet, pedimos, publicamente, uma audiência de
nossos representantes com Vossa Excelência para que possamos retomar o
diálogo construtivo que sempre tivemos com o governo federal nestes
últimos anos.
Aproveitamos também para manifestar nosso apoio e parabenizá-la pela condução da política econômica, dos programas sociais, em especial de combate à fome e à pobreza, e na firme postura contra a corrupção em nosso país.
Sem mais, subscrevemo-nos.
Ricardo Fritsch
Coordenador geral da Associação Software Livre.org, em nome dos participantes do 13º Fórum Internacional Software Livre
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quinta-feira, 7 de junho de 2012
Morre Ray Bradbury , Ícone da Ficção científica.
Faleceu em 5 de Junho o escritor Norte-americano Raymond Bradbury. Famoso por Crônicas Marcianas e Fahrenheit 451 , Ray é um pouco do "self-educated man". Um autodidata que nunca foi para a universidade e como outro grande escritor autodidata (aka Saramago), confessou ter aprendido o seu ofício de escritor frequentando bibliotecas públicas na adolescência onde devorava livros e roubava os jornais ( devolvendo-os após terem sido lidos) . Ray tinha um talento notável para a literatura de fantasia, de sonho e lírica , às vezes tingida de ficção científica . Escreveu mais de 50 livros, algumas peças de teatro ,poesia e adaptações de roteiro para cinema e TV (Mob dick de 1958 com Gregory Peck foi adaptado por ele). Leitor confesso de Hopkins,Frost, Shakespeare, Steinbeck, Huxley e Thomas Wolfe , mas nenhum escritor de ficão científica a não ser os de sua infância : Julio Verne e HG Wells , Ray permaneceu lendo e escrevendo mesmo aṕos um AVC que o impediu de bater a maquina. Seu último trabalho foi ditado pelo telefone a sua filha. " Trabalhar é a [minha] única resposta" Disse em uma entrevista em 2010. Escrevemos sobre Ray em um post meses atrás em que sua editora só aceitava renovar seu contrato se ele permitisse a publicação de Fahrenheit 451 em formato eletrônico, coisa que ele era radicalmente contra. Em Fahrenheit 451 Ray nós deixa uma espécie de aviso. Sobre a importância dos livros , da leitura e a falta que isso faz a sociedade. E claro , vendo e percebendo cada vez mais sua ficção começar a se tornar realidade , não era de se esperar outro posicionamento seu a respeito dos livros eletrônicos. Ele que tanto aprendeu e que tanto devo ao nosso mestres de papel sabia mais do que ninguém o que era uma manipulação e aonde isso vai dar . Infelizmente teve que ceder (devido a idade e as condições físicas) , mas como sempre , não cedeu facilmente. O alerta foi dado Ray, obrigado por ter nos avisado .
"Há mais de um jeito de queimar um livro. E o mundo está cheio de pessoas por aí com caixa de fósforos. Cada minoria, seja Batista, Unitário, Irlandês, Italiano, Otagenário, Zen Budista, Sionista, Adventista, Feminista, Republicano… Acha que tem o direito, ou o dever, de dosar o querosene e acender o fogo. O chefe do corpo de bombeiros Capitão Beatty, em meu romance Fahrenheit 451, descreve como os livros foram queimados primeiramente pelas minorias, rasgando uma página ou duas, depois disso, quando os livros já estiverem vazios e as cabeças fechadas, a livraria fechará para sempre."
"(...) eu pensei que estava descrevendo um mundo que talvez “aconteceria” em 4 ou 5 décadas. Mas a algumas semanas atrás, numa noite em Beverly Hills, um casal passou por mim caminhando com seu cachorro. Eu fiquei olhando para eles, absolutamente pasmo. A mulher segurava em uma mão um rádio, em forma e tamanho mais ou menos de um pacote de cigarro, com uma antena balançando. Dele saía um minúsculo cabo de cobre que terminava em um delicado fone em forma de cone plugado na sua orelha direita. E ela ia "voando", sonâmbula, esquecida do homem e do cão, escutando à novela que tocava no rádio, guiada por seu marido que provavelmente não estava nem aí. Isso não era ficção."
A absurdidade da existência do FIAT Uno Mille , testes do Imetro e a Imprensa que se vende fácil e não muda.
Ontem (14/05/12) em uma das chamadas para aquelas matérias da UOL , vinha estampado : "Fiat Mille Fire é o mais econômico no Ranking do Imetro". E na chamada a foto do bendito FIAT. De cara a foto nos lembra um carro dos anos 80 mas espere aí , estamos em ? 2012. Isso mesmo , em 2012 o carro mais econômico é um carro desenvolvido lá pelo inicio dos anos 80 ( lançado em 1983, mais especificamente). Claro que nem tudo é o que parece e na mesma hora veio aquela sensação de algo estanho no ar. A matéria, disponível em http://carsale.uol.com.br/novosite/revista/noticias/materia.asp?idnoticia=9391 , não informa nada de extraordinário e ainda de quebra faz propaganda da FIAT pois se observarmos o principal dado da matéria, a tabela do IMETRO(http://www.inmetro.gov.br/consumidor/pbe/veiculos_leves_2012.pdf) temos várias informações muito interessantes que simplesmente passaram digamos, desapercebidas. Novamente ficamos com aquela sensação de que esse lapso parece mais proposital que mero esquecimento. Parece novamente aquela velha história de que basta pagar para colocar uma matéria que está resolvido. A imprensa de um modo geral continua agindo e pensando da mesma forma que há décadas atrás e não atenta para o mundo em sua volta que está mudando. Essas matérias pagas já não funcionam tanto quanto antes e hoje com a melhoria do nível de educação do população,mesmo que pequena, e da compreensão das ferramentas informatizadas, qualquer pessoa já consegue ler e entender uma planilha. O que dizer do Uno mille 1.0 ? obsoleto,inseguro, sem ar, sem direção hidráulica, desconfortável ? Não, só sobrou uma característica : o mais barato e agora criaram outra : é o mais econômico. Mas o que é ser o mais econômico na verdade? Claro que um carro com motor 1.0 vai ser mais econômico que um carro com motor 1.4 simplesmente pelo fato de ter menos potência. Mas isso é economia ? Depende muito da situação caro amigo(a). O Mille é o mais econômico na categoria "Sub-compacto" que na verdade deveria se chamar "sub-carro" . É uma vergonha ainda estarmos produzindo esses lixos como se fossem a supra sumo da modernidade econômica. Em prol da "economia" produzimos carros fora dos padrões de segurança internacionais, sem ar, airbag, ABS, direção hidráulica e outros. Itens supérfluos ? Dirija em um engarrafamento as 13:00 no Rio, Salvador, Natal, Recife ou Fortaleza em Janeiro e você vai ver o que lhe parece supérfluo passa a ser gênero de primeira necessidade. Tenha as rodas da frente travada em uma freagem brusca, ou bata de frente com um carros desses que sua concepção vai certamente mudar. Tive o trabalho de fazer o que na minha infância chamávamos de colagem , pois o Imetro resolveu soltar a planilha em formato PDF , mas pela figura lá em baixo, já temos uma visão bem mais clara do que falo neste post, aproveite e tire suas prórpias conclusões . Separei todos os carros classificado como "A" , os mais econômicos em suas categorias e coloquei todos juntos. Voilá , duas belas surpresas : Honda Fit e Ford Fusion . Apesar do Honda Fit perder para o Mille no ciclo urbano por menos de 1KM (diferença ridícula) e um pouco mais (1,5Km) no ciclo rodoviário, olha a diferença de carro : Motor 1.4-16V com ar-condicionado ! ABS e Airbags. Agora meu caro leitor(a) me diga o que é melhor ? E o Ford Fusion ? 13,8 KM no ciclo urbano contra 12,7 da caixa de fósforo. Com um motor 2.5V-16V, Ar,transmissão continua e imensamente maior que o Fiat.No ciclo rodoviário as coisas se invertem (a nível de desempenho) mas esses detalhes não são sequer destacados na matéria da UOL. O que é isso pessoal ? Cade o jornalismo ? Quer fazer propaganda de fabricante , avisa logo no início : "Essa matéria tem o patrocínio de: FIAT" é mais honesto. Parabéns sim, para a Honda e para a Ford , mereciam melhor destaque e não o Mille. Esse sim, já deveria ter sido extinto há muito tempo. E sabe o que é pior ? Preço de um Honda FIT nos EUA (hoje) : US$ 15.325,00 . Preço de um Mille no Brasil : R$ 21.360,00 . Dá-lhe Brasil ! mas isso é assunto para outra postagem...
Tabela remontada do Imetro com todos os carros classificados como A em matéria de consumo |
sexta-feira, 20 de abril de 2012
domingo, 25 de março de 2012
Um mundo de petróleo cada vez mais difícil
Um mundo de petróleo cada vez mais difícil
Os preços do petróleo agora estão mais altos do que alguma vez estiveram – excepto nuns poucos momentos frenéticos antes do colapso econômico global de 2008. Muitos factores imediatos estão a contribuir para esta alta, incluindo ameaças do Irão de bloquear o trânsito de petróleo no Golfo Pérsico, temores de uma nova guerra no Médio Oriente e perturbações na Nigéria, rica em petróleo. Algumas destas pressões podem diminuir nos meses pela frente, proporcionando alívio temporário na bomba de gasolina. Mas a causa principal dos preços mais elevados – uma mudança fundamental na estrutura da indústria petrolífera – não pode ser revertida e, assim, os preços do petróleo estão destinados a permaneceram altos por um longo tempo daqui para a frente.
Em termos de energia, estamos agora a entrar num mundo cuja natureza implacável ainda tem de ser plenamente apreendida. Esta mutação essencial foi provocada pelo desaparecimento do petróleo relativamente acessível e barato – o "petróleo fácil", na linguagem dos analistas da indústria. Por outras palavras, a espécie de petróleo que impulsionou uma expansão vertiginosa da riqueza global ao longo dos últimos 65 anos, bem como a criação de infindáveis comunidades suburbanas orientadas para o carro. Este petróleo está agora quase acabado.
O mundo ainda dispõe de grandes reservas de petróleo, mas estas são difíceis de alcançar, difíceis de refinar, a variedade "petróleo árduo". A partir de agora, todo barril que consumirmos será mais custoso para extrair, mais custoso para refinar – e, assim, mais caro na bomba de gasolina.
Aqueles que afirmam que o mundo permanece "inundados" de petróleo estão tecnicamente corretos: o planeta ainda dispõe de vastas reservas. Mas os propagandistas da indústria petrolífera geralmente deixam de enfatizar que nem todos os reservatórios de petróleo são semelhantes: alguns estão localizados próximos à superfície ou próximos à costa e estão contidos em rocha porosa; outros estão localizados no subsolo profundo, no offshore distante, ou presos em formações rochosas inflexíveis. Os sítios anteriores são relativamente fáceis de explorar e proporcionam um combustível líquido que pode ser prontamente refinado em líquidos utilizáveis; os segundos só podem ser explorados através de técnicas custosas, ambientalmente arriscadas e muitas vezes resultam num produto que deve ser fortemente processado antes que a refinação possa sequer começar.
A simples verdade sobre o assunto é esta: a maior parte das reservas fáceis do mundo já foram esgotadas – excepto aquelas em países espinhosos como o Iraque. Virtualmente todo o petróleo que resta está contido em reservas mais difíceis de serem atingidas. Isto inclui o petróleo do offshore profundo, o petróleo do Árctico e o petróleo de xisto, juntamente com as "areias betuminosas" do Canadá – as quais não são compostas de petróleo de modo algum, mas sim de lama, areia e alcatrão semelhante a betume. As chamadas reservas não convencionais destes tipos podem ser exploradas, mas muitas vezes a um preço desconcertante, não apenas em dólares mas também em danos para o ambiente.
No negócio do petróleo, esta realidade foi reconhecida primeiramente pelo presidente e CEO da Chevron, David O'Reilly, numa carta de 2005 publicada em muitos jornais americanos. "Uma coisa é clara", escreveu ele, "a era do petróleo fácil está acabada". Não só muitos dos campos existentes estavam em declínio, observou ele, como "novas descobertas de energia estão a ocorrer principalmente em lugares onde os recursos são difíceis de extrair, fisicamente, economicamente e mesmo politicamente".
Nova prova desta mutação foi proporcionada pela Agência Internacional de Energia (IEA) numa revisão de 2010 das perspectivas do petróleo mundial. Na preparação deste relatório a agência examinou os rendimentos históricos dos maiores campos produtores do mundo – o "petróleo fácil" sobre o qual o mundo ainda repousa para o grosso da sua energia de forma esmagadora. Os resultados foram espantosos: esperava-se que aqueles campos perdessem três quartos da sua capacidade produtiva ao longo dos 25 anos seguintes, eliminando 52 milhões de barris de petróleo por dia da oferta mundial, ou cerca de 75% a atual produção mundial. As implicações eram estarrecedoras: ou descobrir petróleo novo para substituir aqueles 52 milhões de barris/dia a Era do Petróleo chegará logo a um fim e a economia mundial entraria em colapso.
Naturalmente, como a IEA tornou claro em 2010, haverá novo petróleo, mas só da variedade difícil que exigirá um preço de todos nós – e do planeta, também. Para apreender as implicações da nossa crescente dependência do petróleo difícil, vale a pena dar uma olhadela a alguns dos mais apavorantes pontos sobre a Terra. Assim, apertem os vossos cintos de segurança: primeiro estamos a ir para o mar para examinar o "prometedor" novo mundo do petróleo do século XXI.
Petróleo de águas profundas
As companhias de petróleo têm estado a perfurar em áreas offshore desde há algum tempo, especialmente no Golfo do México e no Mar Cáspio. Até recentemente, contudo, tais esforços verificavam-se invariavelmente em águas relativamente rasas – umas poucas centenas de metros, na maior parte – o que permitia às companhias utilizarem perfuradores convencionais montados sobre colunas extensas. A perfuração em águas profundas, em profundidades que ultrapassam os 300 metros, é um assunto inteiramente diferente. Ela requer plataformas de perfuração especializadas, refinadas e imensamente custosas que podem custar milhares de milhões de dólares para produzir.
A Deepwater Horizon, destruída no Golfo do México em Abril de 2010 devido a uma explosão catastrófica, é bastante típica deste fenômeno. O vaso foi construído em 2001 por uns US$500 milhões e custa cerca de US$1 milhão por dia conservar e manter. Parcialmente devido a estes altos custos, a BP estava com pressa de acabar o trabalho do seu malfadado furo Macondo e mover a Deepwater Horizon para outro local de perfuração. Tais considerações financeiras, acreditam muitos analistas, explicam a pressa com a qual a tripulação do vaso selou o furo – levando a uma fuga de gases explosivos dentro do povo e a explosão resultante. A BP agora terá de pagar algo para além de US$30 bilhões para atender as todas as reclamações pelo dano feito com a sua fuga de petróleo maciça.
A seguir ao desastre, a administração Obama impôs uma proibição temporária à perfuração no offshore profundo. Mal se passaram dois anos, a perfuração nas águas profundas do Golfo está outra vez em níveis de pré desastre. O presidente Obama também assinou um acordo com o México que permitia perfurar na parte mais profunda do Golfo, ao longo da fronteira marítima estado-unidense-mexicana.
Enquanto isso, a perfuração em águas profundas está a ganhar velocidade alhures. O Brasil, por exemplo, movimenta-se para explorar seus campos "pré sal" (assim chamados porque jazem abaixo de uma camada de sal) nas águas do Oceano Atlântico muito longe da costa do Rio de Janeiro. Novos campos offshore estão analogamente a ser desenvolvidos nas águas profundas do Gana, Serra Leoa e Libéria.
Em 2020, diz o analista de energia John Westwood, estes campos de águas profundas fornecerão 10% do petróleo mundial, quando eram apenas 1% em 1995. Mas este acréscimo de produção não sairá barato: a maior parte destes novos campos custará dezenas ou centenas de milhares de milhões de dólares para desenvolver e só se demonstrará lucrativo desde que o petróleo continue a ser vendido por US$90 ou mais por barril.
Os campos offshore do Brasil, considerados por alguns peritos como as mais prometedoras novas descobertas deste século, demonstrar-se-ão especialmente caras porque jazem sob 2400 metros de água e 4000 metros de areia, rocha e sal. Serão necessários os mais avançados e custosos equipamentos de perfuração do mundo – alguns deles ainda a serem desenvolvidos. A Petrobras, a empresa de energia controlada pelo estado, já comprometeu US$53 bilhões para o projecto em 2011-2015 e a maior parte do analistas acredita que isto será apenas um modesto pagamento inicial de um estarrecedor preço final.
Petróleo árctico
Espera-se que o Árctico proporcione uma fatia significativa da futura oferta mundial. Até recentemente, a produção no extremo Norte fora muito limitada. Excepto na área de Prudhoe Bay no Alasca e num certo número de campos na Sibéria, as grandes companhias tem geralmente evitado a região. Mas agora, ao verem poucas outras opções, elas estão a preparar-se para grandes investidas num Árctico em fusão.
De qualquer perspectiva, o Árctico é o último lugar para se querer ir a fim de furar por petróleo. As tempestades são frequentes e as temperaturas no Inverno mergulham muito abaixo do ponto de congelamento. A maior parte do equipamento comum não operará sob estas condições. São necessários substitutivos especializados (e custosos). As equipes de trabalho não podem viver na região por muito tempo. A maior parte dos abastecimentos – comida, combustível, materiais de construção – devem ser trazidos de milhares de quilômetros a um custo fenomenal.
Mas o Árctico tem os seus atrativos: milhares de milhões de barris de petróleo inexplorado. Segundo o U.S. Geological Survey (USGS), a área Norte do Círculo Árctico, com apenas 6% da superfície do planeta, contém uma estimativa de 13% do seu petróleo remanescente (e ainda maior fatia do seu gás natural não desenvolvido) – números com que nenhuma outra região pode competir.
Sobrando poucos lugares para ir, as grandes empresas de energia agora estão a preparar-se para uma corrida a fim de explorar as riquezas do Árctico. Neste Verão, espera-se que a Royal Dutch Shell comece furos de teste em porções dos Mares Beauforte Chukchi, ao Norte do Alasca (a administração Obama ainda conceder as autorizações finais de operação para estas actividades, mas espera-se a aprovação). Ao mesmo tempo, a Statoil e outras firmas planeiam perfurar no Mar de Barents, ao Norte da Noruega.
Com estes cenários energéticos extremos, o aumento da produção no Árctico impulsionará significativamente os custos operacionais das companhias de petróleo. A Shell, por exemplo, já gastou US$4 bilhões só nos preparativos para furos de teste no offshore do Alasca, sem produzir um único barril de petróleo. O desenvolvimento em plena escala nesta região ecologicamente frágil, tenazmente contrariado por ambientalista e povos nativos locais, multiplicará este número muitas vezes mais.
Areias betuminosas e petróleo pesado
Espera-se que outra fatia significativa do futuro abastecimento mundial de petróleo venha das areias betuminosas do Canadá (também chamadas "areias petrolíferas) e do petróleo super-pesado da Venezuela. Nada disto é petróleo tal como é normalmente entendido. Não sendo líquidos nos seu estado natural, eles não podem ser extraídos pelos materiais de furação tradicionais, mas existem em grande abundância. Segundo o USGS, as areias betuminosas do Canadá contêm o equivalente a 1,7 trilhões de barris de petróleo convencional (líquido), ao passo que os depósitos de petróleo pesado da Venezuela dizem abrigar outro trilhão de petróleo equivalente – embora nem tudo seja considerado "recuperável" com a tecnologia existente.
Aqueles que afirmam que a Era do Petróleo está longe de ultrapassada apontam estas reservas como prova de que o mundo ainda pode extrair imensas quantidades de combustíveis fósseis inexplorados. E certamente é concebível que, com a aplicação de tecnologias avançadas e uma indiferença total para com as consequências ambientais, estes recursos na verdade serão colhidos. Mas não é petróleo fácil.
Até agora, as areias betuminosas do Canadá foram obtidas através de um processo análogo à mineração a céu aberto, utilizando pás monstruosas para arrancar uma mistura de areia e betume do solo. Mas a maior parte do betume próximo à superfície nas areias betuminosas ricas da província de Alberta foram exauridas, o que significa que toda extracção futura exigirá um processo muito mais complexo e custoso. Terá de ser injectado vapor nas concentrações mais profundas para fundir o betume e permitir a sua recuperação através de bombas maciças. Isto exige um investimento colossal em infraestrutura e energia, bem como a construção de instalações de tratamento para todos os resíduos tóxicos resultantes. Segundo o Canadian Energy Research Institute, o pleno desenvolvimento das areias petrolíferas de Alberta exigiria um investimento mínimo de US$218 bilhões ao longo dos próximos 25 anos, não incluindo o custo de construir oleodutos para os Estados Unidos (tal como o proposto Keystone XL) para processamento em refinarias estado-unidenses.
O desenvolvimento do petróleo pesado da Venezuela exigirá investimento numa escala comparável. Acredita-se que o cinturão do Orenoco, uma concentração especialmente densa de petróleo pesado adjacente ao Rio Orenoco contenha reservas recuperáveis de 513 bilhões de barris de petróleo – talvez a maior fonte de petróleo inexplorado do planeta. Mas converter esta forma de betume semelhante a melaço num combustível líquido excede em muito a capacidade técnica ou os recursos financeiros da companhia estatal, Petróleos de Venezuela SA. Consequentemente, ela está agora à procura de parceiros estrangeiros dispostos a investir os US$10 a 20 bilhões necessários apenas para construir as instalações necessárias.
Os custos ocultos
Reservas difíceis como esta proporcionarão a maior parte do novo petróleo do mundo nos próximos anos. Uma coisa é clara: mesmo se puderem substituir o petróleo fácil nas nossas vidas, o custo de tudo o que está relacionado com petróleo – seja a gasolina na bomba, produtos com base no petróleo, fertilizantes, tudo por toda a parte das nossas vidas – está em vias de ascender. Habitue-se a isto. Se as coisas decorrerem como se planeia atualmente, estaremos pendurados no big oil nas próximas décadas.
E estes são apenas os custos mais óbvios numa situação em que abundam custos ocultos, especialmente para o ambiente. Tal como no desastre do Deepwater Horizon, a extração em áreas do offshore profundo e em outras localizações geográficas extremas garantirá riscos ambientais sempre maiores. Afinal de contas, aproximadamente 22 milhões de litros de petróleo foram despejados no Golfo do México, graças à negligência da BP, provocando danos extensos a animais marinhos e ao habitat costeiro.
Recordar que, por mais catastrófico que fosse, ele ocorreu no Golfo do México, onde podiam ser mobilizadas forças amplas para a limpeza e a capacidade de recuperação do ecossistema era relativamente robusta. O Árctico e a Gronelândia representam um risco diferente, dado a sua distância das capacidades de recuperação estabelecidas e a extrema vulnerabilidade dos seus ecossistemas. Os esforços para restaurar tais áreas na sequência de fugas de petróleo maciças custariam muitas vezes os US$30 a 40 bilhões que a BP pretende pagar pelo danos do Deepwater Horizon e serão muito menos eficazes.
Além de tudo isto, muitos dos campos de petróleo difícil mais prometedores estão na Rússia, na bacia do Mar Cáspio, e em áreas conflituosas da África. Para operar nestas áreas, companhias de petróleo serão confrontadas não só com os custos previsivelmente altos da extração como também com custos adicionais envolvendo sistemas locais de suborno e extorsão, sabotagem por grupos de guerrilha e as consequências de conflitos civis.
E não esquecer o custo final: Se todos estes barris de petróleo e substâncias afins do petróleo forem realmente produzidos a partir dos menos convidativos lugares neste planeta, então nas próximas décadas continuaremos a queimar combustíveis fósseis maciçamente, criando sempre mais gases com efeito estufa como se não houvesse amanhã. E aqui está a triste verdade: se prosseguirmos no caminho do petróleo difícil ao invés de investirmos maciçamente em energias alternativas, podemos excluir qualquer esperança de impedir as mais catastróficas consequências de um planeta mais quente e mais turbulento.
Em termos de energia, estamos agora a entrar num mundo cuja natureza implacável ainda tem de ser plenamente apreendida. Esta mutação essencial foi provocada pelo desaparecimento do petróleo relativamente acessível e barato – o "petróleo fácil", na linguagem dos analistas da indústria. Por outras palavras, a espécie de petróleo que impulsionou uma expansão vertiginosa da riqueza global ao longo dos últimos 65 anos, bem como a criação de infindáveis comunidades suburbanas orientadas para o carro. Este petróleo está agora quase acabado.
O mundo ainda dispõe de grandes reservas de petróleo, mas estas são difíceis de alcançar, difíceis de refinar, a variedade "petróleo árduo". A partir de agora, todo barril que consumirmos será mais custoso para extrair, mais custoso para refinar – e, assim, mais caro na bomba de gasolina.
Aqueles que afirmam que o mundo permanece "inundados" de petróleo estão tecnicamente corretos: o planeta ainda dispõe de vastas reservas. Mas os propagandistas da indústria petrolífera geralmente deixam de enfatizar que nem todos os reservatórios de petróleo são semelhantes: alguns estão localizados próximos à superfície ou próximos à costa e estão contidos em rocha porosa; outros estão localizados no subsolo profundo, no offshore distante, ou presos em formações rochosas inflexíveis. Os sítios anteriores são relativamente fáceis de explorar e proporcionam um combustível líquido que pode ser prontamente refinado em líquidos utilizáveis; os segundos só podem ser explorados através de técnicas custosas, ambientalmente arriscadas e muitas vezes resultam num produto que deve ser fortemente processado antes que a refinação possa sequer começar.
A simples verdade sobre o assunto é esta: a maior parte das reservas fáceis do mundo já foram esgotadas – excepto aquelas em países espinhosos como o Iraque. Virtualmente todo o petróleo que resta está contido em reservas mais difíceis de serem atingidas. Isto inclui o petróleo do offshore profundo, o petróleo do Árctico e o petróleo de xisto, juntamente com as "areias betuminosas" do Canadá – as quais não são compostas de petróleo de modo algum, mas sim de lama, areia e alcatrão semelhante a betume. As chamadas reservas não convencionais destes tipos podem ser exploradas, mas muitas vezes a um preço desconcertante, não apenas em dólares mas também em danos para o ambiente.
No negócio do petróleo, esta realidade foi reconhecida primeiramente pelo presidente e CEO da Chevron, David O'Reilly, numa carta de 2005 publicada em muitos jornais americanos. "Uma coisa é clara", escreveu ele, "a era do petróleo fácil está acabada". Não só muitos dos campos existentes estavam em declínio, observou ele, como "novas descobertas de energia estão a ocorrer principalmente em lugares onde os recursos são difíceis de extrair, fisicamente, economicamente e mesmo politicamente".
Nova prova desta mutação foi proporcionada pela Agência Internacional de Energia (IEA) numa revisão de 2010 das perspectivas do petróleo mundial. Na preparação deste relatório a agência examinou os rendimentos históricos dos maiores campos produtores do mundo – o "petróleo fácil" sobre o qual o mundo ainda repousa para o grosso da sua energia de forma esmagadora. Os resultados foram espantosos: esperava-se que aqueles campos perdessem três quartos da sua capacidade produtiva ao longo dos 25 anos seguintes, eliminando 52 milhões de barris de petróleo por dia da oferta mundial, ou cerca de 75% a atual produção mundial. As implicações eram estarrecedoras: ou descobrir petróleo novo para substituir aqueles 52 milhões de barris/dia a Era do Petróleo chegará logo a um fim e a economia mundial entraria em colapso.
Naturalmente, como a IEA tornou claro em 2010, haverá novo petróleo, mas só da variedade difícil que exigirá um preço de todos nós – e do planeta, também. Para apreender as implicações da nossa crescente dependência do petróleo difícil, vale a pena dar uma olhadela a alguns dos mais apavorantes pontos sobre a Terra. Assim, apertem os vossos cintos de segurança: primeiro estamos a ir para o mar para examinar o "prometedor" novo mundo do petróleo do século XXI.
Petróleo de águas profundas
As companhias de petróleo têm estado a perfurar em áreas offshore desde há algum tempo, especialmente no Golfo do México e no Mar Cáspio. Até recentemente, contudo, tais esforços verificavam-se invariavelmente em águas relativamente rasas – umas poucas centenas de metros, na maior parte – o que permitia às companhias utilizarem perfuradores convencionais montados sobre colunas extensas. A perfuração em águas profundas, em profundidades que ultrapassam os 300 metros, é um assunto inteiramente diferente. Ela requer plataformas de perfuração especializadas, refinadas e imensamente custosas que podem custar milhares de milhões de dólares para produzir.
A Deepwater Horizon, destruída no Golfo do México em Abril de 2010 devido a uma explosão catastrófica, é bastante típica deste fenômeno. O vaso foi construído em 2001 por uns US$500 milhões e custa cerca de US$1 milhão por dia conservar e manter. Parcialmente devido a estes altos custos, a BP estava com pressa de acabar o trabalho do seu malfadado furo Macondo e mover a Deepwater Horizon para outro local de perfuração. Tais considerações financeiras, acreditam muitos analistas, explicam a pressa com a qual a tripulação do vaso selou o furo – levando a uma fuga de gases explosivos dentro do povo e a explosão resultante. A BP agora terá de pagar algo para além de US$30 bilhões para atender as todas as reclamações pelo dano feito com a sua fuga de petróleo maciça.
A seguir ao desastre, a administração Obama impôs uma proibição temporária à perfuração no offshore profundo. Mal se passaram dois anos, a perfuração nas águas profundas do Golfo está outra vez em níveis de pré desastre. O presidente Obama também assinou um acordo com o México que permitia perfurar na parte mais profunda do Golfo, ao longo da fronteira marítima estado-unidense-mexicana.
Enquanto isso, a perfuração em águas profundas está a ganhar velocidade alhures. O Brasil, por exemplo, movimenta-se para explorar seus campos "pré sal" (assim chamados porque jazem abaixo de uma camada de sal) nas águas do Oceano Atlântico muito longe da costa do Rio de Janeiro. Novos campos offshore estão analogamente a ser desenvolvidos nas águas profundas do Gana, Serra Leoa e Libéria.
Em 2020, diz o analista de energia John Westwood, estes campos de águas profundas fornecerão 10% do petróleo mundial, quando eram apenas 1% em 1995. Mas este acréscimo de produção não sairá barato: a maior parte destes novos campos custará dezenas ou centenas de milhares de milhões de dólares para desenvolver e só se demonstrará lucrativo desde que o petróleo continue a ser vendido por US$90 ou mais por barril.
Os campos offshore do Brasil, considerados por alguns peritos como as mais prometedoras novas descobertas deste século, demonstrar-se-ão especialmente caras porque jazem sob 2400 metros de água e 4000 metros de areia, rocha e sal. Serão necessários os mais avançados e custosos equipamentos de perfuração do mundo – alguns deles ainda a serem desenvolvidos. A Petrobras, a empresa de energia controlada pelo estado, já comprometeu US$53 bilhões para o projecto em 2011-2015 e a maior parte do analistas acredita que isto será apenas um modesto pagamento inicial de um estarrecedor preço final.
Petróleo árctico
Espera-se que o Árctico proporcione uma fatia significativa da futura oferta mundial. Até recentemente, a produção no extremo Norte fora muito limitada. Excepto na área de Prudhoe Bay no Alasca e num certo número de campos na Sibéria, as grandes companhias tem geralmente evitado a região. Mas agora, ao verem poucas outras opções, elas estão a preparar-se para grandes investidas num Árctico em fusão.
De qualquer perspectiva, o Árctico é o último lugar para se querer ir a fim de furar por petróleo. As tempestades são frequentes e as temperaturas no Inverno mergulham muito abaixo do ponto de congelamento. A maior parte do equipamento comum não operará sob estas condições. São necessários substitutivos especializados (e custosos). As equipes de trabalho não podem viver na região por muito tempo. A maior parte dos abastecimentos – comida, combustível, materiais de construção – devem ser trazidos de milhares de quilômetros a um custo fenomenal.
Mas o Árctico tem os seus atrativos: milhares de milhões de barris de petróleo inexplorado. Segundo o U.S. Geological Survey (USGS), a área Norte do Círculo Árctico, com apenas 6% da superfície do planeta, contém uma estimativa de 13% do seu petróleo remanescente (e ainda maior fatia do seu gás natural não desenvolvido) – números com que nenhuma outra região pode competir.
Sobrando poucos lugares para ir, as grandes empresas de energia agora estão a preparar-se para uma corrida a fim de explorar as riquezas do Árctico. Neste Verão, espera-se que a Royal Dutch Shell comece furos de teste em porções dos Mares Beauforte Chukchi, ao Norte do Alasca (a administração Obama ainda conceder as autorizações finais de operação para estas actividades, mas espera-se a aprovação). Ao mesmo tempo, a Statoil e outras firmas planeiam perfurar no Mar de Barents, ao Norte da Noruega.
Com estes cenários energéticos extremos, o aumento da produção no Árctico impulsionará significativamente os custos operacionais das companhias de petróleo. A Shell, por exemplo, já gastou US$4 bilhões só nos preparativos para furos de teste no offshore do Alasca, sem produzir um único barril de petróleo. O desenvolvimento em plena escala nesta região ecologicamente frágil, tenazmente contrariado por ambientalista e povos nativos locais, multiplicará este número muitas vezes mais.
Areias betuminosas e petróleo pesado
Espera-se que outra fatia significativa do futuro abastecimento mundial de petróleo venha das areias betuminosas do Canadá (também chamadas "areias petrolíferas) e do petróleo super-pesado da Venezuela. Nada disto é petróleo tal como é normalmente entendido. Não sendo líquidos nos seu estado natural, eles não podem ser extraídos pelos materiais de furação tradicionais, mas existem em grande abundância. Segundo o USGS, as areias betuminosas do Canadá contêm o equivalente a 1,7 trilhões de barris de petróleo convencional (líquido), ao passo que os depósitos de petróleo pesado da Venezuela dizem abrigar outro trilhão de petróleo equivalente – embora nem tudo seja considerado "recuperável" com a tecnologia existente.
Aqueles que afirmam que a Era do Petróleo está longe de ultrapassada apontam estas reservas como prova de que o mundo ainda pode extrair imensas quantidades de combustíveis fósseis inexplorados. E certamente é concebível que, com a aplicação de tecnologias avançadas e uma indiferença total para com as consequências ambientais, estes recursos na verdade serão colhidos. Mas não é petróleo fácil.
Até agora, as areias betuminosas do Canadá foram obtidas através de um processo análogo à mineração a céu aberto, utilizando pás monstruosas para arrancar uma mistura de areia e betume do solo. Mas a maior parte do betume próximo à superfície nas areias betuminosas ricas da província de Alberta foram exauridas, o que significa que toda extracção futura exigirá um processo muito mais complexo e custoso. Terá de ser injectado vapor nas concentrações mais profundas para fundir o betume e permitir a sua recuperação através de bombas maciças. Isto exige um investimento colossal em infraestrutura e energia, bem como a construção de instalações de tratamento para todos os resíduos tóxicos resultantes. Segundo o Canadian Energy Research Institute, o pleno desenvolvimento das areias petrolíferas de Alberta exigiria um investimento mínimo de US$218 bilhões ao longo dos próximos 25 anos, não incluindo o custo de construir oleodutos para os Estados Unidos (tal como o proposto Keystone XL) para processamento em refinarias estado-unidenses.
O desenvolvimento do petróleo pesado da Venezuela exigirá investimento numa escala comparável. Acredita-se que o cinturão do Orenoco, uma concentração especialmente densa de petróleo pesado adjacente ao Rio Orenoco contenha reservas recuperáveis de 513 bilhões de barris de petróleo – talvez a maior fonte de petróleo inexplorado do planeta. Mas converter esta forma de betume semelhante a melaço num combustível líquido excede em muito a capacidade técnica ou os recursos financeiros da companhia estatal, Petróleos de Venezuela SA. Consequentemente, ela está agora à procura de parceiros estrangeiros dispostos a investir os US$10 a 20 bilhões necessários apenas para construir as instalações necessárias.
Os custos ocultos
Reservas difíceis como esta proporcionarão a maior parte do novo petróleo do mundo nos próximos anos. Uma coisa é clara: mesmo se puderem substituir o petróleo fácil nas nossas vidas, o custo de tudo o que está relacionado com petróleo – seja a gasolina na bomba, produtos com base no petróleo, fertilizantes, tudo por toda a parte das nossas vidas – está em vias de ascender. Habitue-se a isto. Se as coisas decorrerem como se planeia atualmente, estaremos pendurados no big oil nas próximas décadas.
E estes são apenas os custos mais óbvios numa situação em que abundam custos ocultos, especialmente para o ambiente. Tal como no desastre do Deepwater Horizon, a extração em áreas do offshore profundo e em outras localizações geográficas extremas garantirá riscos ambientais sempre maiores. Afinal de contas, aproximadamente 22 milhões de litros de petróleo foram despejados no Golfo do México, graças à negligência da BP, provocando danos extensos a animais marinhos e ao habitat costeiro.
Recordar que, por mais catastrófico que fosse, ele ocorreu no Golfo do México, onde podiam ser mobilizadas forças amplas para a limpeza e a capacidade de recuperação do ecossistema era relativamente robusta. O Árctico e a Gronelândia representam um risco diferente, dado a sua distância das capacidades de recuperação estabelecidas e a extrema vulnerabilidade dos seus ecossistemas. Os esforços para restaurar tais áreas na sequência de fugas de petróleo maciças custariam muitas vezes os US$30 a 40 bilhões que a BP pretende pagar pelo danos do Deepwater Horizon e serão muito menos eficazes.
Além de tudo isto, muitos dos campos de petróleo difícil mais prometedores estão na Rússia, na bacia do Mar Cáspio, e em áreas conflituosas da África. Para operar nestas áreas, companhias de petróleo serão confrontadas não só com os custos previsivelmente altos da extração como também com custos adicionais envolvendo sistemas locais de suborno e extorsão, sabotagem por grupos de guerrilha e as consequências de conflitos civis.
E não esquecer o custo final: Se todos estes barris de petróleo e substâncias afins do petróleo forem realmente produzidos a partir dos menos convidativos lugares neste planeta, então nas próximas décadas continuaremos a queimar combustíveis fósseis maciçamente, criando sempre mais gases com efeito estufa como se não houvesse amanhã. E aqui está a triste verdade: se prosseguirmos no caminho do petróleo difícil ao invés de investirmos maciçamente em energias alternativas, podemos excluir qualquer esperança de impedir as mais catastróficas consequências de um planeta mais quente e mais turbulento.
De modo que, sim, há petróleo não convencional. Mas não, ele não será mais barato, não importa quanto haja. E, sim, as companhias de petróleo podem obtê-lo, mas olhando realisticamente quem o desejaria?
O original em inglês encontra-se em: www.tomdispatch.com
sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012
TST confirma invasão de privacidade
A 2ª turma do TST e consequentemente podemos dizer a Justiça brasileira, conseguiu mais uma vez prejudicar o cidadão comum, aquele mesmo que paga as regalias e mordomias ,das quais essa mesma justiça faz uso(leia a entrevista do Juiz Sartori na veja 2255 em veja). Ontem em uma decisão completamente absurda o ministro Renato de lacerda Paiva confundiu o público com o privado e decidiu que consultar o SPC e o SERASA por empregadores é legal. Seja como empregado ou empregador não vejo a mínima lógica nessa decisão. Se a pessoa está desempregada e está com o nome nos registros do SPC e do SERASA o que isso prova ? que ela é uma má pagadora ? Ora o que esperar de uma pessoa que está desempregada e que está a procura de emprego para se sustentar e sanar suas dívidas ? Que ela não esteja devendo ? Ao contrário dos ministros , funcionários públicos com salários de mais de 24 mil reais ( e acham que isso é pouco !) a maioria da população não tem estabilidade e salários astronômicos e estar no SPC e no SERASA não diz outra coisa a não ser que a pessoa está devendo a uma empresa privada. Aliás , como disse anteriormente , o ministro tornou o privado em público pois o SPC e o SERASA não são órgãos públicos e regulamentados, os projetos de lei para regulamentar o funcionamento dessas empresas tramitam há anos no legislativo e não são aprovados nunca, pois são alvos de eternas discussões . Essas empresas privadas, criadas pela iniciativa privada, para defender seus direitos de cobrança de dívida, Não são regulamentadas por nenhum orgão público, fazem o que querem e bem entendem e prestam um péssimo serviço a população. São eficientes e eficazes para seus patrões, as empresas que os criaram e que os sustentam. Podem incluir um registro em seus bancos de dados em 24 hrs e podem levar até 5 dias úteis para tira-lo, Já tive que esperar 72 horas uma ocasião, fato verídico. Pelo que eu saiba não existe nenhuma lei que diga que se seu nome estiver nos bancos de dados dessas empresas você é um criminoso. Quer dizer , estar com seu nome no SPC e no SERASA não te torna um criminoso , ao contrário do que pensa o excl. sr Juiz , que ao tomar sua decisão tornou ambos os fatos igualitários , quer dizer consultar o SPC e o SERASA vale tanto quanto consultar a Justiça. Quem deve é criminoso e deve ser punido ? Prendam todos, mas antes de começar pelo cidadão comum que tal começar pelas próprias empresas que sustentam o sistema SPC/SERASA. Visto que muitas delas devem para a previdência , devem ao governo , devem a outras empresas e etc. Pimenta nos olhos dos outros é refresco....
sábado, 21 de janeiro de 2012
Amigos e Poesia I
Nesta primeira quinzena de 2012 , nossas gárgulas tiveram o prazer de receber a visita diária de um novo grande amigo ,o poeta Arapey.
Luis Carlos De Arapey o Poeta da Integração do Cone sul , é uma destas pessoas que dá gosto de prosear , não somente pelo grande paixão poética mas também pela aula de humanidade e história que naturalmente emanam de sua persona.
Do auge dos seus 90 anos, Arapey é uma memória viva de um passado que nossos livros e nosso povo ou despreza ou não se interessa.
Lição de vida e sabedoria para todos, o poeta continua na ativa e nos brinda sempre com sua percepção aguçada e experiência de quem já passou por muitas e que jamais perdeu sua dignidade e ternura.
"Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás !" acho que Guevara conversou com Arapey algum dia . Não me surpreenderia caso tal encontro fictício não fosse tão fictício assim !
Saludos amigo Arapey , a cultura vos saúda ! e que ambos, nós e a cultura possamos ainda continuar desfrutando de vossa amizade e companhia por mais tempo. Pessoas desse manancial fazem falta nesse deserto, terra árida, da cultura brasileña.
Siglos Nuevos
(Luis Carlos de Arapey)
Voces Profundas
Me pareció que todos los motivos estaban
agotados.
En el fondo de todas las expresiones veía la
muerte.
Qué solemnes las piedras silenciosas en la playa sonriente!
Bajo la sombra de un paraiso joven
Estuve atra vez con el viento
y alcancé el secreto de los siglos nuevos
© poemas de Arapey 1921-2001 (http://poeta-arapey.blogspot.com/)
Siglos Nuevos
(Luis Carlos de Arapey)
Voces Profundas
Me pareció que todos los motivos estaban
agotados.
En el fondo de todas las expresiones veía la
muerte.
Qué solemnes las piedras silenciosas en la playa sonriente!
Bajo la sombra de un paraiso joven
Estuve atra vez con el viento
y alcancé el secreto de los siglos nuevos
© poemas de Arapey 1921-2001 (http://poeta-arapey.blogspot.com/)
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